terça-feira, 19 de agosto de 2008

Cap 13 - O seqüestro

Quando Carlos acordou, achou estranho que a esposa não estivesse em casa. Ligou para o consultório, onde a secretária confirmou que Ana lá estivera, mas que sua consulta terminara há horas. Ele ainda aguardou alguns minutos antes de se convencer do pior. Levantou-se e foi à delegacia prestar queixa do desaparecimento da mulher.

No cativeiro, Ana era torturada. Apanhou um pouco e levou choques elétricos. Toda vez que ela perguntava o que os seqüestradores queriam, recebia silêncio como resposta. Ela passou alguns meses em um barraco úmido, comendo arroz com feijão frio, em um morro que seus captores jamais mencionavam o nome.

No começo, a fé de que Santa Cecília resolveria a situação a mantinham sã, mas quando começou a sentir contrações, ficou desesperada. Gritou muito, implorou socorro, mas foi amordaçada pelos algozes. Vez ou outra, via um velho bem vestido, de chapéu panamá, que ria de sua situação.

“Isto tudo é culpa daquele maldito jornalista. Espero que você se lembre disso quando sair daqui”, dizia ele a cada nova visita.

Quando a menina nasceu, ainda prematura, ela foi abandonada sozinha no cativeiro. Um vizinho do barraco a encontrou e chamou a polícia. Carlos a esperava no pé do morro, com lágrimas nos olhos.

Eles viveram juntos por mais algum tempo. Ele se sentia culpado pelo que aconteceu com a mulher. Ela achava que a situação limite que vivera a unia ao marido. Mas a verdade é que eles não tinham mais vida juntos. Carlos foi embora, deixando para trás tudo o que tinha. Se mudou provisoriamente para a casa de Lincoln, que acabara de se divorciar novamente. Nos bolsos, apenas o suficiente para o almoço do dia seguinte.

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