No hospital, todos estavam ansiosos. Juliana Hosenfeld se sentia culpada por ter levado Pacheco Filho para o flagrante de Renatinho Gordo. Lincoln Albuquerque pensava no caminho errado que as investigações do jornal tinham tomado. Matias Pacheco, pai do estagiário, apenas torcia para que o filho ficasse bem.
Algumas horas depois, Pacheco Filho despertou. O tiro pegara de raspão no pescoço do estagiário, que desmaiou com a perda de sangue.
- Pai – disse ele – me desculpe...
- Não se preocupe, garoto, apenas trate de ficar bem.
- Como está se sentindo?, perguntou Lincoln.
- Como um pano de chão sujo.
O diretor de redação riu e saiu do quarto. Matias foi atrás dele.
- Lincoln... Nós somos amigos há quanto tempo?
- Não sei... Uns quinze anos, eu acho...
- Então você sabe que pode confiar em mim. Eu não vou processar o jornal pelo que aconteceu. O garoto está bem, não se preocupe.
- Eu... Eu não achei que você ia processar o jornal. Você realmente pensou nisso? A culpa é do seu filho. Ninguém mandou ele ir atrás da polícia.
- Tudo bem. Não vou processar... Fica tranqüilo.
- E o que vai fazer?
- Vou aconselhar que ele mude de faculdade. Sejamos sinceros... Ele nunca teve jeito para ser jornalista mesmo.
- Acho que você deveria perguntar para ele se ainda quer ser jornalista. Ele pode ter tido uma epifania com isso tudo.
- Pode ser, mas eu duvido.
- Me mantenha informado. Eu preciso voltar para o jornal, já está tarde.
No quarto, Juliana se despedia do colega.
- Ei, Pacheco... Lembra que eu falei que não seria uma boa idéia sairmos juntos... Se você melhorar logo eu posso repensar meus conceitos.
- Vou melhorar – riu o estagiário.
Juliana beijou a testa de Pacheco e correu para pegar uma carona com Lincoln.
- Onde pensa que vai?, questionou o diretor de redação.
- Voltar para o jornal... Ainda temos muito trabalho...
- Não, Juliana. Foi uma grande irresponsabilidade o que você fez. Eu sei que a idéia foi sua e você nem deu satisfações para a Catarina. Vocês poderiam ter morrido lá!
- Mas nada aconteceu...
- Nada? Lamento, Juliana, mas eu vou ter que dispensar seus serviços como estagiária. Você tem muito potencial, mas precisa criar mais responsabilidade. Eu vou fazer uma carta de recomendação para qualquer outro jornal, mas no Primeira Página você não poderá continuar.
- Lincoln...
- Dê um tempo, fique de molho. Quando se formar, me procure outra vez. Talvez eu tenha uma vaga em uma editoria mais calma.
domingo, 31 de agosto de 2008
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