Lincoln saiu do carro bufando, mas mesmo sem fôlego, acendeu um cigarro. Carlos Santa Cecília estava encostado no carro da polícia, enquanto Ramos conversava com os soldados.
- Carlinhos — disse o diretor de redação arfante — como é que você está?
- Estou bem… Já não posso falar o mesmo do Braddock e do Bronson.
- Meu Deus, Carlinhos. Você poderia ter morrido!
- Na verdade, não. Alguém veio aqui e matou os seguranças. Se quisesse, entrava na minha casa e me matava também. Além disso, se o Armando não me matou em dez anos é porque ele quer me matar pessoalmente. Desta forma, eu só devo morrer amanhã.
- Não brinca com isso…
Um dos policiais se aproximou de Santa Cecília.
- Bom, doutor, nós conversamos um pouco com o seu amigo da Polícia Civil e chegamos à conclusão de que o senhor não é suspeito. Mas por que o senhor precisa de seguranças? E quem mataria eles?
- Se você quer saber, eu preciso de seguranças porque estão querendo me matar. E quem os matou é problema de vocês.
- Se alguém te ameaçou de morte, por que não presta queixa?
- E acabar com toda a diversão? Não, obrigado.
- Então, é problema seu!
- O policial está certo — argumentou Lincoln. — Vá até uma delegacia e preste queixa.
- Baseado em quê? Em uma carta sem assinatura de alguém dizendo que está com saudades de mim?
O carro do Primeira Página estacionou na esquina de Santa Cecília. Chico Antônio saltou, cumprimentou Lincoln e Carlos e começou a preparar os equipamentos.
- Quem te chamou aqui?, indagou o diretor de redação.
- O Santa Cecília, quem mais?, rebateu o fotógrafo.
- Escute aqui, Chico — recomendou Carlos. — Faça umas fotos dos corpos e das armas que estão na caçamba. Será interessante mostrar que algum assassino de aluguel matou os seguranças e não levou o pequeno arsenal que eles guardavam.
- Mas isto está longe da nossa linha editorial, Carlinhos — contrariou Lincoln.
- Faça o que quiser. Venda para os jornais sangrentos, coloque em um porta-retrato, mas eu quero todas as etapas deste caso com imagens bem coloridas.
- E quanto ao italiano?, perguntou Lincoln ao fotógrafo.
- Que italiano?, interrompeu Carlos.
- Depois te explico — adiou o diretor de redação.
- Consegui uma ótima imagem dele — respondeu Chico Antônio. — Mas ele já estava esperando… E disse que o Armando mandou um abraço para você, Santa Cecília.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
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