Logo nas primeiras horas do dia, Bia Lacerda e o fotógrafo Chico Antônio foram para Olaria. No caminho, Chico reclamou da hora, ainda não eram sete da manhã, mas ele sabia que apenas chegando cedo seria possível encontrar uma mulher. Fabiana Andrade era viúva de Cícero, o homem que ajudou Ana Santa Cecília a fugir do cativeiro.
Bia tinha o endereço da mulher. Conseguiu com uma coleguinha de uma rádio que costumava cobrir os tiroteios na região. Ela tinha uma rede de informantes entre padeiros, jornaleiros e entregadores de jornal. Um destes lhe disse onde morava o mulher de sobrenome Andrade que se mudara com dois filhos pequenos há exatos dez anos.
A casa era muito simples, não tinha nem campainha. Bia bateu palmas três vezes, no que uma mulher magra e abatida chegou à janela.
- Pois não?
A mulher olhava com desconfiança para Bia e Chico e o carro com o logotipo de Primeira Página não ajudou muito. Bia não tinha certeza se era ela, mas decidiu arriscar.
- Fabiana? Meu nome é Beatriz, eu preciso falar com você.
- Eu lamento, não sou Fabiana.
- Por favor. Seu marido ajudou um amigo meu há alguns anos. Ele pode estar correndo risco novamente.
- Meu marido morreu porque ajudou a mulher do repórter a sair do morro. Desculpe, dona, mas a minha relação com a imprensa já acabou.
- Por favor, Fabiana. É muito importante.
A mulher chegou a entrar novamente em casa, mas saiu novamente e deu a Bia um papel amassado.
- Não sei nem se ele está vivo, mas foi ele quem executou o meu Cícero. Se quiser pedir ajuda a alguém, peça a ela.
Ainda no meio da rua, Bia desamaçou o papel. Lá, apenas um nome estava escrito, mais nada. Nem telefone nem endereço. Apenas um nome. Renatinho Gordo.
domingo, 24 de agosto de 2008
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