terça-feira, 22 de julho de 2008

Cap 2 - Primeira Página

O jornal Primeira Página tinha uma história de altos e baixos. Nasceu na década de 1930 e em pouco tempo se tornou um dos mais relevantes da cidade do Rio de Janeiro. Era comum ver o luxo em suas páginas. Repleto de colunas sociais, trouxe entrevistas com diversas estrelas do rádio e, mais tarde, da televisão. Ficou famosos pelo conteúdo, que agradava tanto a ricos quanto à população mais carente.

Na década de 1960, o diário perdeu muito de sua força. Após a ascensão da ditadura militar, os anúncios minguaram. O jornal viveu tempos incertos e muitas vezes suas edições eram recolhidas antes mesmo de chegar às bancas. No final da década, o Primeira Página foi empastelado e interrompeu temporariamente sua circulação.

Durante um jantar, quando a ditadura acabou, duas pessoas muito importantes para a história do jornal se encontraram. Uma delas era Lincoln Albuquerque, antigo repórter do Primeira Página. Ele tinha um grande plano para trazer o veículo de volta à vida. Para isso, ele só precisava de uma coisa: dinheiro. E é aí que entra Lindomar Alves Filho, grande empresário do setor de hotelaria, um homem conhecido por gostar de se arriscar com seu dinheiro. Juntos, eles fizeram o gigante despertar novamente.

Na década de 1980, o jornal não ia bem das pernas. Longe do passado de glamour, onde agradava a todas as classes sociais, agora o diário sofria com o monopólio de um concorrente. Acabou apelando para a violência da cidade. Foi com esta proposta que contrataram Carlos Santa Cecília.

O currículo dele não era dos melhores. Já tinha passado por todo tipo de editoria, por todos os jornais da cidade e acumulava uma longa lista de desafetos. Lincoln enxergava nele potencial. Acreditava que se Carlos fosse para as ruas, poderia descontar sua insatisfação e antipatia nas matérias e trazer para o jornal um novo estilo de redação.

Em menos de dois anos o Primeira Página se tornou referência na cobertura de cidade. Mas após um grave incidente, Santa Cecília se viu obrigado a abandonar a cobertura de rua. Ele assumiu uma coluna, que levava o seu nome. Com muito deboche e cinismo, escrevia pílulas do dia-a-dia da política e da economia do Rio. O jornal voltava a ter o prestígio dos tempos áureos.

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