terça-feira, 22 de julho de 2008

Cap 3 - Edição e chefia de reportagem

Assim que acabou a reunião, Catarina Casaverde se aproximou de Cosme Fagundes.
- Nós não temos escolha, não é?
- Não. Se o Lincoln aprovou, nós temos que cobrir.

Catarina era a editora de cidade. Definitivamente não gostava de sua editoria. Era paulista e estava no Rio há mais ou menos dois meses. Conseguiu o emprego por indicação do próprio Fagundes, que conheceu por telefone, trocando pequenas informações. Ela nunca gostou do Rio de Janeiro e achava uma tortura cobrir governo, prefeitura, câmara, assembléia e, principalmente, polícia.

- Você sabe alguma coisa sobre o tal Dom Armando?, ela perguntou.
- Muito pouco. Era empresário, fugiu do País durante uma investigação há uns dez anos, foi preso na Itália. Me lembro que o Santa Cecília falava dele quando era repórter, mas não lembro o que.
- Você vai preparar a equipe?
- Não vai ser preciso. Aposto que até o final do dia um batalhão de estagiários vai se apresentar. Esta é uma pauta do Santa Cecília que ele não vai pegar. É a chance de ouro para todos aqui dentro.

Cosme Fagundes era um dos mais antigos ainda no Primeira Página. Começou a trabalhar na década de 1980, junto com Santa Cecília. Eles cultivaram um hábito saudável. Ambos chegavam muito cedo e cavavam as melhores pautas. Graças a esta disputa interna o jornal e os jornalistas chegaram onde chegaram. Mas a relação de admiração mútua e amizade terminou no dia em que o antigo chefe de reportagem se aposentou. Foi um mês depois de Santa Cecília assumir a coluna. Fagundes foi promovido e os dois nunca se falaram desde então.

Por mais que quase todo repórter sonhe em se tornar colunista, esse não era o sonho de Carlos Santa Cecília. Ele se tornou colunista por necessidade. Seu sonho era galgar muitos degraus. O primeiro era a reportagem. O segundo era a chefia de reportagem.

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