quarta-feira, 23 de julho de 2008

Cap 6 - Força-tarefa

- A equipe está pronta!, disse Fagundes ao entrar na sala de Santa Cecília.

Não era comum um colunista ter sua própria sala. No Primeira Página eram quatro: cultura, esporte, economia, além do próprio Carlos. Mas Santa Cecília tinha uma sala. Ganhou após muita insistência dos repórteres, que já não suportavam mais dividir a redação com ele. Sobrou para Lincoln, que vez ou outra era convocado por meio de pancadas no vidro que dividia a sala dele da sala do colunista.

- Quem vai cobrir o caso?, perguntou o diretor de redação.
- Bia Lacerda, Juliana Hosenfeld e Pacheco Filho.
- Sério? E o fotógrafo?
- O Chico Antônio está voltando de férias. Podemos colocar ele.
- Não coloque ninguém sem consultar — interrompeu Santa Cecília. — Não podemos colocar ninguém que não queira estar nessa cobertura. Ela vai exigir muito tempo e dedicação dos repórteres. E talvez um pouco de sangue.

Saíram os três da sala. Passava das 14h.
- Vamos almoçar?, sugeriu Lincoln.
- Vamos. Talvez seja uma boa oportunidade de eu e o Santa Cecília colocarmos a conversa em dia — disse Fagundes.
- Pois eu passo — rebateu o colunista. — Tenho um compromisso inadiável. Mas por que vocês não vão sem mim? Será uma ótima chance de me criticar pelas costas.
- Eu aceito — brincou Fagundes. — Mas eu esqueci minhas anotações na sua sala. Vou buscar e encontro vocês lá embaixo.

Fagundes voltou correndo e pegou a pasta com suas anotações. Sem querer, o chefe de reportagem derrubou alguns papéis de Santa Cecília no chão. “Ele vai me matar”, pensou. Rapidamente, abaixou para catar tudo, mas deu de cara com a carta que Carlos tinha recebido.

Nenhum comentário: