Ramos e Santa Cecília estavam no carro do colunista, indo para a casa dele. Desta vez, Carlos dirigia, enquanto o policial terminava de confirmar a transferência de Renatinho Gordo para uma penitenciária paraense.
- Sabe, seu Santa, esse favor que eu estou te fazendo só prova o quanto nós somos amigos. Porque eu cobrei muitos favores antigos para conseguir isso. Favores que poderiam me garantir uma aposentadoria confortável.
- Ramos, sejamos honestos. Você ganha tanta grana por fora que obviamente vai ter uma aposentadoria muito confortável. Isso, se você sobreviver até a aposentadoria.
Ramos deu uma boa gargalhada, daquelas que chegam a fazer o nariz vibrar tal o grunhido de um porco.
- Ai, seu Santa, só o senhor para me fazer rir numa hora dessas.
Carlos estacionou em frente à sua casa. Ramos saiu, abriu o porta-malas e pegou duas pistolas e uma cadeira de praia. Abriu a cadeira na jardim e sentou-se.
- Pode ir dormir. Hoje quem tá na patrulha sou eu e comigo não tem brincadeira.
- Ei, Ramos. Pode entrar lá em casa, não precisa ficar aqui fora.
- Seu Santa, o senhor entende de escrever. Eu entendo de matar coisa ruim. É melhor cada um fazer o próprio trabalho.
Santa Cecília se despediu do policial e entrou. Ramos ficou sentado no jardim, observando se algo suspeito se aproximava. Enquanto tomava conta dos arbustos das outras casas, notou que uma das residências ostentava uma câmera de vigilância. O ângulo era perfeito: cobria o local onde Braddock e Bronson haviam sido assassinados.
Ramos correu para a casa, apenas tempo suficiente para reparar que as luzes estavam apagadas e a garagem estava vazia. O obeso policial forçou a porta até que abrisse e achou o lugar onde a gravação da câmera era feita. Com pouca habilidade com equipamentos eletrônicos, demorou um pouco até que descobrisse o ponto certo.
Nas imagens, um homem encapuzado se aproximava da pick-up preta por trás e com pistolas com silenciosos apagava os seguranças. Em seguida, ao perceber a câmera na casa vizinha, tirava o capuz e sorria. Era grande e forte, como nas descrições de Gianni Tomasi. Em seus lábios era possível ler a frase “Dom Armando manda lembranças”.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
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