quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Cap 63 - Conversa entre amigos

Quando armando acordou, Paglia já estava no elevador. Dois policiais o seguravam, cada um de um lado. Foi arrastado até a viatura e lá ficou por alguns minutos, enquanto os tiras garantiam que estava tudo bem com Ramos.

Armando Paglia quase adormeceu novamente, mas voltou a si quando ouviu a porta da viatura bater. Era Carlos Santa Cecília.
- Seu maldito… — começou Paglia.
- Ei, Dom Armando, não acha que já falou demais hoje? — interrompeu Santa Cecília. — Agora é a minha vez de falar. Você me odeia, porque diz que a culpa do seu filho ter morrido na cadeia é minha. Mas a culpa é sua. Eu também te culpava por não ser mais repórter. Eu abandonei a reportagem porque tinha medo de que alguma coisa acontecesse às pessoas que eu amo. Sabe qual é a verdade? A culpa não é sua. A culpa é minha. É minha, porque enquanto eu for um bom repórter, vou incomodar gente como você. E esse tipo de gente é tão baixa, que faz qualquer coisa. Se a minha ex-mulher, se a minha filha ou se qualquer um dos maus amigos tiver que correr risco para que bandidos safados fiquem fora das ruas, que assim seja. Mas eu não volto a escrever aquela coluna por nada nesse mundo. A partir de hoje, eu volto a ser repórter, volto a apontar com o dedo tudo o que está errado. Avise aos seus amigos para tomarem cuidado comigo, porque eu voltei para o jogo.

Carlos bateu no vidro do carro para que um dos policiais abrisse a porta.
- E tem mais uma coisa — prosseguiu. — Se este fosse um país decente, você nunca mais sairia da solitária, mas sei que em dez, quinze anos você está de volta ao seu cartel. Quando este dia chegar, eu vou estar te esperando. Vou começar tudo de novo até que você esteja atrás das grades novamente. Isso nunca foi sobre você querer me matar. O tempo todo foi sobre eu querer você na cadeia.

Quando Santa Cecília saiu do carro, os policiais colocaram Marco na viatura. Ainda foi possível ouvir Dom Armando xingar alguém. Não se sabe se foi Carlos ou Marco o alvo do ódio, mas que Paglia estava furioso, todos tinham certeza.

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