segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Cap 53 - Precisamos conversar

No portão do prédio, Santa Cecília era aguardado por Marco. Dez anos antes, Marco era apenas um menino, que via espantado a movimentação da polícia em sua casa durante a prisão do filho de Paglia. Marco era afilhado de Armando, filho de uma de suas empregadas. Era um homem imenso e muito musculoso que gostava de se exibir em camisetas muito apertadas. Trazia à cintura sempre uma pistola, que não fazia muita questão de esconder.
- O chefe está te esperando — disse Marco.

Carlos foi empurrado escada acima, com o troglodita de poucas palavras logo atrás dele. Na porta do apartamento, Marco fez sinal para que o jornalista esperasse, abriu a porta e conferiu para ver se estava tudo bem.
- Mande-o entrar, Marco — gritou Dom Armando, — e desça para garantir que ele veio sozinho.

Marco assentiu com a cabeça, empurrou Santa Cecília para a sala e voltou para a portaria. Da sala não era possível ver Paglia, mas em cada cômodo havia um bandido armado. “Eu não escapo desta vivo”, pensou o colunista. Uma conversa, ao longe, indicou o caminho a Carlos.

No escritório, Armando estava sentado tomando um copo de uísque. No chão, Lincoln e o deputado olhavam assustados, com medo das reações explosivas do mafioso.
- Eu já estou aqui, Paglia. Liberte o Lincoln.
- Lincoln? — explodiu Armando em uma gargalhada. — E quanto ao nobre deputado.
- Pouco me importa o deputado.
- Que merda de samaritano é você… Eu não vou libertar seu amigo e nem ninguém. Eu não voltei para o Brasil para sair vivo. Voltei para acabar com você e quero muitas testemunhas disso.
- Então acabe logo com isso e vamos encerrar esta história, que ela já se arrastou por tempo demais.

Dom Armando apontou uma cadeira para Carlos.
- Antes, sente-se aí. Nós temos algumas coisas para conversar.

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