Carlos saiu do aeroporto em seu carro. Estava sozinho, pois Ramos lhe garantiu que precisava de um tempo sozinho para resolver umas outras coisas. Havia uma pequena retenção na Linha Vermelha, próxima à Ilha do Fundão, mas dali em diante o trânsito fluía.
Santa Cecília deveria voltar para o Primeira Página. Além de ser um lugar relativamente seguro, ele tinha que se dedicar mais à reportagem. Isso, sem falar que há três dias sua coluna era fechada por um interino que ele só conhecia de nome.
Quando se aproximava da Leopoldina, o colunista se deu conta de que um carro azul o seguia. Carlos trocava de pista, acelerava e depois reduzia a velocidade. O carro azul permanecia na cola dele não importava o que fizesse.
Carlos desistiu de ir para o jornal. Puxou o celular e ligou para Ramos.
- Ramos, eu tenho quase certeza de que estou sendo seguido.
- Que isso, seu Santa. Mas você acha que querem te matar ou só assustar?
- Acho que só assustar — nisso, o carro azul golpeou o carro de Santa Cecília. — Pensando bem, Ramos, ele quer me matar. To indo para o Aterro — e desligou.
Por mais quinze minutos, o carro de Santa Cecília foi seguido pelas ruas do Rio de Janeiro. O colunista passou por quatro viaturas da polícia e nenhuma delas achou estranho um carro amassado na traseira sendo seguido por um carro amassado na dianteira.
No Aterro, o carro azul emparelhou. Gianni Tomasi dirigia e sorria enquanto cantava uma música qualquer que tocava no rádio. Toda vez que Carlos tentava escapar, o italiano golpeava seu carro novamente. Próximo ao Flamengo, o veículo do colunista foi jogado contra um canteiro e se chocou numa árvore.
Tomasi estacionou no acostamento e saiu do carro com uma barra de ferro nas mãos. Estava realmente disposto a golpear Carlos até a morte na frente de todos os que passavam por uma das vias mais movimentadas da cidade.
O italiano parou na frente de Santa Cecília, cuspiu para o lado e levantou a barra. Carlos apertou os olhos, mas pelo sol que estava atrás de Tomasi do que pelo medo da morte. Quando reabriu, se deu conta de que o capanga de Armando corria de volta para o carro com Olavo Ramos logo atrás dele.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
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