Carlos acelerava seu carro pelas ruas da cidade sem olhar para frente. Com o celular, tentava contatar Ramos, que não atendia. Desesperado, ligou para Catarina e pediu para que ela encontrasse o policial.
Pela cabeça de Santa Cecília, passava muita coisa. Ele se lembrava do seqüestro de dez anos atrás, quando sua mulher grávida for a torturada por Armando. Desta vez, era seu amigo quem servia de refém.
O colunista nunca duvidou que Paglia pudesse matá-lo, como havia prometido muitos anos antes, na carta e na recepção no aeroporto. Mas Carlos não queria que ninguém pagasse por sua ousadia.
Ainda no celular, Santa Cecília ligou para a ex-mulher.
- Ana?
- Carlos… Você sabe que horas são?
- Não… Tenho dificuldades com o fuso horário. Será que eu posso falar com a Teresa… É muito importante.
Não demorou para que a filha atendesse.
- Pai?
- Oi, filhota. Como estão estas férias forçadas?
- Legal. Eu gosto de viajar, mas preferia estar com as minhas amigas na escola.
- Eu sei, filha, isso já vai acabar. Só liguei para dizer que te amo, está bem?
- Você está legal, pai?
- Estou sim, meu anjo. Só precisava falar com você. Deixa eu falar de novo com a sua mãe.
Ana voltou ao telefone.
- O que houve, Carlos? Eu sei quando você não está bem.
- Ana… O nosso pesadelo acaba esta noite. Depois de hoje, o Armando não vai mais perturbar a gente.
- Carlos, você…
- Eu vou resolver isso. Mas se alguma coisa der errado, eu só quero que você saiba que eu amo vocês duas. Eu tenho juntado dinheiro… Se alguma coisa acontecer, ele vai todo para vocês. E é melhor vocês não voltarem para o Brasil.
- Carlos… — chorava a mulher.
- Não se preocupe, Ana. Não se preocupe.
Santa Cecília desligou. Sem pensar, ligou para Bia.
- Bia? Escute bem. Eu não vou desligar meu telefone. Deixe no viva-voz, grave e use tudo o que você ouvir da melhor forma possível.
- Boa sorte, Santa Cecília.
- Eu vou precisar.
Carlos Santa Cecília estacionou em frente ao prédio indicado por Armando Paglia. Ele preferiu deixar de lado a gravata e o terno que usava todos os dias, afinal aquelas poderiam ser suas últimas horas.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
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