segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Cap 54 - Edição especial

O celular de Carlos permanecia ligado, em seu bolso. No Primeira Página, Bia Lacerda ouvia tudo no viva-voz e escrevia o que podia.
- O que de tão importante você quer conversar comigo?, questionou Carlos.
- Quero explicar com calma porque eu vou te matar — disse Armando. — O meu filho… O meu filho era inocente nessa história toda, você sabe bem disso. O máximo que ele fazia para mim era cobrar um dinheiro aqui e entregar uma encomenda ali. Quem mandava em tudo era eu.
- Eu sei disso…
- Cale a boca! Quem mandava em tudo era eu e esse merdinha desse deputado, que se apropriou do meu império e agora quer me dar ordens. O meu filho não tinha nada a ver com isso. Por isso eu peguei a sua mulher. Na época, eu só queria te assustar. Mas se fosse hoje, Santa Cecília, ela teria sofrido muito mais e não voltaria para te contar a história.
- Desgraçado!

O som de um golpe assustou Bia, que aproveitava para gravar a conversa.
- Não tente nenhuma bobagem — prosseguiu Armando — ou nossa conversa vai terminar antes do previsto. Como eu estava dizendo, naquela época eu fui muito bonzinho. Mas o meu filho morreu por sua causa. Morreu porque nem para fazer uma matéria decente você sabe. O culpado era eu. Você tinha que me incriminar e não a ele.
- Eu fiz isso.
- Não! Você jogou a culpa no garoto. Se me permite, vou ler o título de uma de suas matérias. “Filho de Paglia comandava crime organizado”.
- Essa foi a conclusão da polícia. Se você ler o texto, vai perceber que eu continuo jogando a culpa em você.
- Eu sempre fui o chefe do crime! Eu sempre fui o culpado! Fui eu quem seqüestrou e torturou sua mulher! E sou eu quem vai te matar nesta noite!

Digitando quase em tempo real, Bia acrescentou todas as aspas possíveis de Paglia à sua matéria e desceu correndo para a gráfica do jornal. Lá, um dos funcionários lhe avisou que todos os exemplares já estavam impressos.
- Pois prepare uma edição especial — ordenou a repórter.

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