terça-feira, 16 de setembro de 2008

Cap 46 - Leninha

- Maria Helena Cunha… Vinte e dois anos… Estudante de administração… Solteira… Obrigado. Acho que isso já me ajuda.

A informação era certeira e não tinha custado muito caro. Por R$ 300 um perito aposentado descobria a identidade de qualquer cadáver. A conta, é claro, não era paga pelo jornal e o perito não fornecia nota fiscal.

Com o nome da vítima em mãos, Catarina só precisava descobrir quem ela realmente era. Uma busca rápida na internet apenas apresentou uma infinidade de homônimas. Nada concreto para começar a busca. Mas ao somar o curso de administração, a editora chegou até o nome de uma faculdade.

Pelo telefone, a faculdade se recusou a dar maiores informações, mas a atendente deixou escapar o nome de uma empresa em que ela estagiava. Na empresa, uma colega deu o número do celular da vítima. Catarina sabia que ninguém atenderia, mas era o suficiente para descobrir o endereço.

Mesmo no meio da noite, Catarina Casaverde pegou um táxi e foi até o endereço indicado. Lá, a mãe de Maria Helena, ou Leninha, como era chamada atendeu.
- Eu estou procurando a sua filha — disse a jornalista.
- Eu lamento, mas ela ainda não voltou — respondeu a mãe, claramente abatida.
- Será que eu poderia conversar com a senhora por um momento?

Quando Catarina revelou que a menina estava morta, a mãe começou a chorar. A editora chegou a pensar que adotara a estratégia errada, que talvez devesse apenas colher algumas informações, mas não podia deixar aquela mãe aflita com o desaparecimento da filha. Depois de se recuperar, a mãe desabafou:
- É tudo culpa daquele canalha, daquele bastardo que roubou minha filha.
- De quem a senhora está falando?
- O namorado dela… Bem, ela dizia que era namorado dela, mas eu aposto que ele tinha esposa. Se não, por que nunca veio aqui em casa dizer que queria um relacionamento sério com a Leninha?

Catarina aproveitou o choro da mãe para pedir licença e ir ao banheiro. Na verdade, queria ir ao quarto da menina procurar alguma pista de quem era este namorado. Olhou em algumas gavetas, mas não havia bilhete ou número de telefone que lhe servisse para apurar o caso. Enquanto folheava uma agenda, foi surpreendida pela mãe da menina.
- Acho que já está na hora de você ir embora, moça.

Antes de sair, Catarina ainda olhou o quarto uma última vez e sobre a escrivaninha estava tudo o que ela precisava. Uma foto guardava para a eternidade um momento feliz vivido por Leninha e o namorado. E certamente aquele homem era o responsável pela prisão de Fagundes… o deputado.

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