Fagundes passara a noite em claro. Estava apavorado com a cadeia, mas também lhe preocupava a lentidão da polícia em esclarecer o que acontecera na tarde do dia anterior. As portas das celas se abriram e um antipático agente penitenciário gritou “Banho de sol”, como se fosse uma coisa boa.
O chefe de reportagem foi até um pátio enlameado, e sentou-se em um banco em um canto. Ele conhecia as pessoas que estavam ali. Seus novos companheiros eram políticos corruptos, profissionais liberais assassinos, bacharéis criminosos. Toda sorte de gente que ele julgara por anos nas páginas de seu jornal.
Um deles, Paulo Alencar, mais conhecido como o Médico Monstro que devorou toda uma família de pacientes, exigia que Fagundes se levantasse do banco. Outros, vereadores e secretários de governo, que bem sabiam quem o jornalista era, apontavam de longe.
Fagundes sentiu um esbarrão por trás que o jogou ao chão. Um homem sorridente, ex-delegado acusado de receber propina do tráfico, lhe sorriu e estendeu a mão.
- Aproveite bem os primeiros raios de sol de seu último dia de vida.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
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